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Buda

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Manoel Carlos e a ausência de vida fora do Leblon!


As novelas de Manoel Carlos vem perdendo audiência e qualidade. Pesquisei a opinião de leitores de sites e blogs sobre o assunto, mas não li nada que realmente representasse meu ponto de vista. Na minha opinião, falta ao Maneco o filling. Não que ele não seja um grande autor. Sim, ele é! Mas falta um olhar distanciado de seu pequeno universo 'Lebloniano'. Um autor de novelas não pode se isolar no seu ciclo social. Falta ao Maneco ir à praças e conversar com pessoas diferentes. Falta caminhar pela central do Brasil (Centro da Cidade), falar com homens e mulheres. Trabalhadores que enfrentam o caos do dia a dia. Falta ir a hospitais e notar como os doentes se relacionam com suas doenças, seus familiares e com eles mesmo. Falta ao Manoel Carlos escrever sobre o Rio de Janeiro e o Brasil que existe fora das fronteiras do Leblon. Maneco, comece uma novela com uma Helena chorando sobre o cadáver de seu filho assassinado pela policia. Escreva um protagonista policial, que ganha 1500 reais por mês pra arriscar a vida diariamente. Se não quiser sair do seu tão amado Leblon, observe quantas 'Helenas' saem de suas casas no subúrbio e vão trabalhar na zona sul. Pergunte como é a rotina delas, quantas horas de trabalho diárias, quem cuida de seus filhos enquanto cuidam dos filhos dos outros. Essas mulheres protagonizam não só suas próprias vidas, mas a vida de seus filhos, dos filhos das patroas, protagonizam a historias trágicas, cômicas...  Mostre-nos que você sabe que o Brasil esta tomado pelas drogas, e que a cada dia mães perdem seus filhos para o crime, para a morte, para as drogas. Nos mostre uma Helena que tenha três, quatro, cinco filhos e que os sustente sozinho. Mostre-nos que você sabe o quanto os jovens pobres tem um ensino deficitário, e estão sempre abaixo dos jovens de classe media e classe media alta, na briga por uma vaga nas universidades públicas.  Não me venha com draminhas de brancos caucasianos ricos, e seus conflitos, filhos mal educados e sem limites. Mostre avós que criam seus netos com o dinheiro da aposentadoria. Jovens que vencem na vida com o fruto do seu próprio trabalho. Mostre-nos o percurso de uma Helena, mas do lixo ao luxo. Eu não quero e não preciso ver gente rica correndo no calçadão. Quero ver gente! Ah, antes que eu me esqueça, Maneco, não se trata daquele personagem que você escreveu para Thais Araujo, aquela personagem era fraca, submissa, inferior.Aquela mulher não me representou. Sou forte, sou decidida, pra arrancar uma lagrima minha, tem que vir com artilharia pesada. Vai lá, eu quero me ver na tv. Ponha Shirleis, Marias, Barbaras, Cristinas, Joanas, Claudias...incremente o tempero desta Helena com um pouco de todas nós. Faça com que cada mulher deste pais se veja um pouco refletida na sua obra. 
Saia de sua área de conforto, investigue as causas e os efeitos. Proponha soluções. Use da influencia que uma hora no horário nobre tem. Mostre que quem te assiste é importante para você, não só como números na audiência. Se puder, seja um agente de mudança positivo. 

Segue algumas dicas que acho que poderão te ajudar: 

1. Escreva personagens de classes sociais distintas, ricos, pobres, remediados, miseráveis. Eles vão diversificar o ambiente social de sua novela. Nem todo mundo mora no Leblon e passa ferias em suas fazendas em Petrópolis, Teresópolis...   

2. Ambiente sua novela em bairros não tão glamurosos como o Leblon. Tente algo como Gamboa, Saúde, Bangu, sei lá, mude! 

3. Não coloque a grande maioria do seu núcleo negro (3 personagens) como empregados, isso não agrada a classe C. Nós queremos ao menos sonhar que podemos ascender socialmente um dia. 

4. Não quebre os conceitos de família em suas novelas, é legal conservar alguns valores.

5. Nem todo mundo é rico de nascença. 

6. Não escreva empregados serviçais, subservientes e infantilizados, isso pode não agradar a classe trabalhado, e são eles que dão audiência.

7. Nem todas as mulheres pensam apenas com o coração, algumas usam a cabeça. Não seja machista! 

8. Quando o filho dos patrões acedia uma empregada, isso não é cômico. Assedio sexual é crime! A escravidão já acabou, os senhores não podem mais usar as 'escravas' sexualmente. 

9. Eu não daria para o Jose Maia, então não o ponha como galã. Inove! 

10. Nunca ajoelhe uma negra para uma mulher branca bater em seu rosto. Mas se você fizer isso, deixe a personagem negra a vontade para levantar-se e revidar. Ah, e não se esqueça de chamar o Samu 192, se fosse comigo, certamente a Sinhá ia precisar. A escravidão já passou! 

11. Não escreva uma protagonista negra e a rebaixe. Isso pode dar a falsa impressão que você é racista!

12. Tente não inovar no que diz respeito a relação familiar. Quem quer ver putaria assiste filme porto, lê contos eróticos, não assiste uma novela chamada "Em Família".  Respeito os laços sanguíneos e afetivos.  

13. Leia Lima Barreto. 

14. Ande de trem, ônibus e metro. 

15. Leia "Quarto de Despejo" de Carolina Maria de Jesus.

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